Fogareiro
Fogareiro.
Primeira metade do século XIII d.C.
Cerâmica.
Æ do bordo 249mm, Æ da base 158mm, 179mm de altura.
Bela Fria.
Em resultado do projeto de revitalização da área designada por Bela Fria (2007/2008), foram realizados trabalhos arqueológicos. Estes possibilitaram identificar um arrabalde islâmico de cronologia tardo almóada (meados do século XII / inícios do século XIII), e um torreão da muralha islâmica, tendo-se verificado que as estruturas islâmicas estavam sob um nível de abandono de cronologia medieval e moderna.
Entre as variadas peças cerâmicas recolhidas destacamos este fogareiro, constituído por dois corpos distintos separados por uma grelha. O corpo superior, apresenta bordo introvertido, lábio triangular com depressão central, corpo troncocónico invertido com caneluras, duas asas verticais com depressão longitudinal e base côncava, onde foram recortadas duas meias luas e três orifícios circulares, de forma a realizar a grelha. Na parte inferior do corpo superior apresenta um pequeno orifício que deveria ter como função a oxigenação das brasas. As cinzas eram recolhidas no corpo inferior troncocónico, no qual foram recortados dois quadrados paralelos para limpeza. A base plana apresenta rebordo exterior.
Não apresenta vestígios de utilização.
Este tipo de objetos caracteriza-se por apresentar um corpo superior aberto, a câmara, destinado a conter as brasas, separado do corpo inferior fechado, a fornalha, onde se depositam as cinzas (Torres, Gómez Martínez e Ferreira, 2003: 129-130). Sobre o corpo superior assentavam as caçoilas ou as panelas.
Este tipo de objecto pode apresentar uma dupla funcionalidade: para além de servirem para cozinhar sobre eles, também podem servir como elementos de aquecimento junto dos braseiros (Gómez Martínez, 1998: 126).
CAVACO, Sandra (2011) - O arrabalde da Bela Fria. Contributos para o estudo da Tavira Islâmica. Dissertação de Mestrado. Universidade do Algarve.
GÓMEZ MARTÍNEZ,Susana(1998) – “A Cerâmica no Gharb al-Ândalus”. In Portugal Islâmico. Os últimos sinais do Mediterrâneo. IPM - Museu Nacional de Arqueologia. pp. 121-131.
TORRES, Cláudio; GÓMEZ MARTÍNEZ, Susana e FERREIRA, Manuela Barros (2003) – “Os nomes da cerâmica medieval. Inventário de termos”. In. Atas das 3as Jornadas de cerâmica medieval e pós-medieval, métodos e resultados para o seu estudo. Tondela Câmara Municipal de Tondela. pp. 125-134.