Fragmento de torre de roca com representação antropomórfica
Fragmento de torre de roca com representação antropomórfica
Segunda metade do século XII d.C. / primeira metade do século XIII d.C.
Osso
23mm de altura; 21mm de largura
Convento de Nossa Senhora da Graça
Em resultado das obras de requalificação e adaptação do convento a Pousada da Enatur foi efetuada uma vasta intervenção arqueológica que teve como objetivo a minimização do impacto sobre o património arqueológico em todas as áreas afetadas pela obra, bem como conhecer as ocupações anteriores à construção do convento.
Os trabalhos arqueológicos revelaram a existência de diversos níveis ocupacionais na área em apreço, revelando uma longa diacronia de ocupação do espaço. Pela sua importância, destacamos os vestígios ocupacionais relacionados com uma necrópole de urnas de tipo “Cruz del Negro“, centrada na segunda metade/finais do século VII a.C., um bairro de época almóada, datado de finais do século XII/inícios do século XIII e uma cripta de carácter funerário.
O objeto que aqui apresentamos diz respeito ao fragmento de uma torre de roca, que é o objeto mais decorado da roca e corresponderia ao topo superior da mesma. É fundamental na actividade da fiação e destina-se a produzir o movimento de torção das fibras.
Os objetos elaborados em osso são frequentes no registo arqueológico. Para este facto concorre a fácil acessibilidade a este tipo de matéria-prima.
Este exemplar apresenta uma representação antropomórfica realizada por incisão preenchida por pigmento de coloração preta (carvão?). Superiormente apresenta uma linha incisa. A boca é definida por um orifício circular, sendo delimitada superiormente por uma meia-lua invertida. Os olhos, dois orifícios circulares, são definidos por duas incisões. As sobrancelhas são obtidas mediante a realização de dois semicírculos incisos.
Esta peça é proveniente de um espaço habitacional de carácter doméstico. Este facto é comum ao verificado em outros sítios arqueológicos coevos, uma vez que a prática desta actividade não apresenta necessariamente contornos comerciais.
COVANEIRO, Jaquelina e Cavaco, Sandra (2009) - “Osso trabalhado de época almóada (Tavira).” In. Xelb. Actas do 6.º Encontro de Arqueologia do Algarve Silves. Câmara Municipal de Silves. Museu Municipal de Arqueologia. n.º 9. pp. 635-654.
RUIZ NIETO, Eduardo (2001) – “Representaciones antropomorfas hispanomusulmanas sobre hueso”. In. Anales de Arqueología Cordobesa. n.º 12. Universidad de Cordoba. pp. 385-396.