Candeia fenícia com 2 bicos

Século VII-VI a.C.

Cerâmica

Diâmetro: 13.3 cm; altura máxima: 3.6 cm; espessura: 0.6 cm

Solar Corte Real (Calçada D. Paio Peres Correia) 

M00000354

Em Tavira, durante as escavações arqueológicas realizadas no sítio designado de Solar dos Corte Real, entre os anos 1998 e 2007, sob direção científica da arqueóloga Maria Maia, em representação da associação Campo Arqueológico de Tavira, foram identificados importantes vestígios arqueológicos que remontam ao final da Idade do Bronze (séc. VIII a.C.), passando pela Idade do Ferro, com presença de comunidades fenícias (final séc. VIII - séc. VI a.C.) e comunidades ditas turdetanas (séc. V – séc. III a.C.), Época Medieval Islâmica (séc. XI - séc. XIII d.C.), Época Medieval Cristã (séc. XIII – séc. XV d.C.) e Época Moderna (final séc. XV – séc. XVIII).

De entre os muitos artefactos exumados nestas escavações, destaca-se esta candeia fenícia com 2 bicos, fabricada há mais de 2500 anos. Estas candeias eram feitas na roda de oleiro, a partir da moldagem de uma porção de barro. Primeiramente, era feita uma peça com o formato de um pequeno prato, sobre o qual, ainda antes da secagem da pasta, se pressionava o bordo com a ajuda com os dedos, de modo a dar-lhe a forma de um ou dois bicos, destinados a receber e acomodar uma pequena torcida ou pavio. Seguidamente, a peça era coberta por um engobe acetinado de cor avermelhada e estava pronta para a secagem. Após esta fase, procedia-se à cozedura da peça que, uma vez arrefecida, estaria pronta para utilização. 

O funcionamento deste tipo de candeias é bastante simples, bastando colocar as torcidas ou pavios sobre o fundo interno da peça, tendo a preocupação de deixar as extremidades repousadas no interior dos bicos, dos quais deveria sobressair ligeiramente. Seguidamente, enchia-se o interior da peça com um pouco de azeite, tendo o cuidado de embeber bem a torcida até às extremidades sobre os bicos, o que permitia que as torcidas ou pavios já pudessem ser acesos. 

O aparecimento deste tipo de peças, destinadas à iluminação artificial, é comum em assentamentos fenícios, sendo utilizadas, quer em contexto doméstico, para iluminação, quer em contexto funerário, sendo depositadas, em conjunto com outros artefactos, junto do defunto.