Urna
Urna
Século VII a.C.
Cerâmica
220mm de altura; 233mm de largura: 6mm de espessura
Convento de Nossa Senhora da Graça
A peça em apreço respeita uma urna funerária. Apresenta forma fechada, corpo esférico, com duas asas geminadas que arrancam da parte central do colo e descansam sobre o ombro. O colo é curto e cilíndrico, tendo ao centro uma moldura saliente de onde partem as asas e base em ônfalo. Apresenta cozedura oxidante, pasta e textura homogénea e consistência compacta.
Tipologicamente estamos perante uma urna “Cruz del Negro”. Contrariamente aos protótipos procedentes da necrópole de Cruz del Negro (Carmona, Sevilha), esta peça não apresenta decoração pintada.
Esta urna é procedente da necrópole de incineração do Convento de Nossa Senhora da Graça, constituída, pelo menos, por cinco sepulturas, quatro delas escavadas no substrato geológico, de morfologia, maioritariamente semicircular. A quinta sepultura foi aberta no sedimento.
Das cinco sepulturas identificadas apenas três continham restos osteológicos sendo que duas incinerações estavam contidas em urna e, a terceira encontrava-se depositada sobre a rocha, tendo sido “embalada” em material perecível.
Tendo em conta a morfologia das urnas de tipo dito «tartéssica» e os materiais cerâmicos associados à necrópole, bem como a datação por radiocarbono, obtida a partir de restos osteológicos contidos na urna da sepultura 2, permitem centrar esta necrópole na segunda metade/finais do século VII a.C.
A morfologia das urnas e as características tipológicas das restantes cerâmicas mostram marcadas características orientalizantes. Estes dados somam-se aos procedentes de outros espaços reconhecidos na colina genética de Santa Maria. Isto é, a partir dos finais do século VIII a.C./inícios do século VII a.C. os espólios e as estruturas associadas refletem a vivência mediterrânea e oriental da cidade.
Arruda, Ana Margarida; Covaneiro, Jaquelina e Cavaco, Sandra (2007) – “A necrópole da Idade do Ferro do Convento da Graça, Tavira”. In Xelb. 8:1, pp.141-159.