Estela discóide
Estela discóide
Época medieval
Pedra
520mm de altura; 350mm de largura
MMT00002585
Ermida de Santa Ana
O objeto em análise respeita uma estela discóide, em pedra, que apresenta motivos gravados. No anverso, observa-se uma cruz pátea, em relevo, com braços côncavos e extremidades convexas, enquanto no reverso é possível ver instrumento agrícola, um arado.
As estelas discóides assumem uma função funerária direta ao localizar o lugar da sepultura, bem como, uma função indireta ao ser erigida em memória de um ente querido ou então assumir-se como delimitadora do espaço sagrado. Independentemente da sua função original, a estela acaba por espiritualizar a passagem para uma outra vida, e ostenta numa ou em ambas as faces símbolos alusivos.
A cruz é um dos símbolos mais difundidos entre as estelas discóides. A sua utilização enquanto elemento decorativo pode ser recuada até ao século VI-VII na Península Ibérica. Este é um dos principais símbolos utilizados pelo cristianismo nas suas diversas versões, estando presente nas três estelas do cemitério de Santa Ana.
Os trabalhos levados a cabo, no largo da ermida de Santa Ana, inseriram-se no projeto de reabilitação da ermida, e de requalificação urbana da área. A sua concretização permitiu reconhecer um cemitério cujos enterramentos deverão ser anteriores ao século XVIII. De igual modo, identificaram-se estelas discóides, elementos pétreos utilizados como cabeceiras de sepultura, com vista à sua sinalização. Pese embora o facto de estes elementos estarem fora de contexto, a sua identificação permite uma aproximação ao que seria o aspeto exterior da necrópole.
Cavaco, Sandra; Covaneiro, Jaquelina e Candón Morales, Alicia (2006) – “O cemitério da Ermida de Santa Ana – Tavira”. In Xelb. 6, pp. 93-102.