No mês que se celebra o Dia Nacional do Azulejo (6 de maio), reconhecido pela Assembleia da República desde 2017, o Museu Municipal de Tavira destaca uma loseta, também conhecida como lambrilha, um termo para azulejos de dimensões reduzidas, neste caso, aproximadamente 7 cm de largura e comprimento, retratando uma garça. Esta peça foi revelada durante as escavações arqueológicas do antigo Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade (Bernardas).

Atualmente, esta loseta faz parte de um conjunto de oito, pertencentes à coleção do Museu Municipal de Tavira. No entanto, na sua origem, fazia parte de um pavimento do século XVI, decorado com estes pequenos azulejos, possivelmente em número significativamente maior, semelhante ao chão do transepto da igreja de São Paulo de Tavira, datado do século XVII.

As oito losetas, pintadas com técnicas associadas ao azulejo hispano-árabe do século XVI (pintura de aresta), foram produzidas numa oficina andaluza. A sua datação sugere que foram criadas próximo da conclusão das obras do Mosteiro, levantando a hipótese de que faziam parte de um dos pavimentos originais da igreja ou da casa religiosa.

Essas peças ilustram a diversidade iconográfica do pavimento, incluindo figuras humanas, flores e animais, como a garça desta loseta, com cores variadas nas patas, dorso, asas e pescoço e cabeça.

Um aspeto adicional que enriquece o valor dessas losetas é a importância histórica dos pavimentos em tijoleira e azulejo que, apesar da sua raridade atual, surgiam em palácios e edifícios nobres, conforme se evidencia em pinturas do século XVI, incluindo obras de grandes nomes da pintura portuguesa, como Grão Vasco.

A tradição dos azulejos em Tavira é longa, remontando ao século XV, com importantes manifestações nos séculos seguintes. Exemplares encontrados em escavações arqueológicas e peças notáveis, como o pavimento da Igreja de São Paulo (século XVII) ou revestimento azulejar da Misericórdia de Tavira (século XVIII), ilustram a importância e a diversidade deste património.

Esta loseta, apesar da sua pequena dimensão, serve como espelho da vasta história artística de Tavira, em particular do antigo mosteiro das bernardas.

Museu Municipal de Tavira, M380