Bandeira da Filarmónica Namarrais
A história da Filarmónica 29 de Setembro começa ainda no século XIX, havendo notícia de uma primeira atuação pelas ruas de Tavira, no âmbito da qual os músicos estrearam os seus novos fardamentos, no Natal de 1899.
Apesar de terem a designação oficial de Filarmónica 29 de Setembro, talvez por associação à respetiva data de fundação, esta sociedade musical era mais conhecida como a dos Namarrais, epíteto que terá resultado do facto de vários dos membros fundadores da filarmónica terem servido na campanha militar contra as tribos autóctones do norte de Moçambique, nomeadamente contra os ditos Namarrais, em 1897. Esta foi a 2ª banda civil que existiu em Tavira, depois da Filarmónica 1º de Janeiro (fundada em 1896), mais conhecida pela alcunha de os Limpinhos, seus eternos rivais.
Fundada por iniciativa de Francisco António das Chagas Franco, a filarmónica quase se extinguiu em 1916, aquando da morte do seu primeiro regente, o Maestro Aureliano José Gonçalves (1885-1916), músico militar da banda de Caçadores nº 4. Em 1919 o tenente João António Bernardo Júnior procura revitalizar o grupo e, nesse âmbito, chega mesmo a contratar um novo regente, José Pedro Alexandrino de Almeida, mas a sociedade dos Namarrais acabará por ser dissolvida em 1922. Enquanto esteve em atividade, a Filarmónica Namarrais reuniu e ensaiou numa espécie de clube que dava pelo nome de Café Roxo e que se situava junto à ermida do Livramento, na margem esquerda do Gilão.
Para além dos frequentes concertos no coreto do Jardim Público de Tavira, há notícia de a filarmónica Namarrais ter tocado em festividades civis e religiosas noutros pontos do Algarve e inclusive na vizinha Andaluzia. A partir da única fotografia conhecida, sabemos que esta filarmónica era constituída por 30 elementos, incluindo tubas, trombones, trompetes, tambores, um bombo e pratos.
O estandarte de dupla face da filarmónica, que terá acompanhado a banda nas suas atuações, tem cerca de 1,25 metros de comprimento, é feito de seda (cetim) de duas cores (branco e azul, as cores da bandeira monárquica) e apresenta legenda e motivos decorativos bordados. No centro da composição foram representados duas estrelas de nove pontas, sobrepostas, e uma lira, símbolo por excelência da Música e da Poesia. Sobre estes símbolos foi bordado a designação da instituição - S.P.R. Namarraes (Sociedade Philarmonica e Recreativa Namarraes) – enquanto na parte inferior foi bordado um dinâmico (e assimétrico) ramo de inconfundíveis papoilas (Papaver rhoeas). O estandarte dispõe ainda das tiras de tecido que permitiam a sua fixação numa vara e de uma bordadura constituída por cordão de seda de cor esverdeada.
(Museu Municipal de Tavira, MMT00003374)