Santo Amaro: Da Roma Antiga aos Altares de Tavira

 

     No mês em que o calendário litúrgico cristão assinala a festividade de Santo Amaro (também conhecido sob a designação de São Mauro), a 15 de janeiro, o Museu Municipal de Tavira partilha uma imagem desse Santo que se venera num dos nichos laterais do retábulo da capela-mor da ermida de São Sebastião.

     Santo Amaro nasce em Roma, no seio de uma família nobre, no início do século VI. Com apenas 12 anos de idade, alegadamente impelido por um sonho em que se lhe revela a vocação para a vida religiosa, Amaro ingressa no mosteiro beneditino de Subiaco (Itália). Acolhido pelo próprio Bento de Núrsia (São Bento), fundador da Ordem beneditina, o jovem depressa se distingue no seio da comunidade pelas suas virtudes. Algum tempo depois é-lhe confiada a responsabilidade pela fundação daquele que viria a ser primeiro mosteiro beneditino de França, do qual Amaro seria abade. Morre a 15 de janeiro de 584, com fama de santidade, vitimado por um surto de peste que assola a comunidade monacal. As relíquias de Santo Amaro repousam hoje na cripta do mosteiro de Montecassino, em Itália.

     Tido como um grande taumaturgo (Santo particularmente propenso à realização de milagres), Santo Amaro é invocado como protetor contra diferentes tipos de doenças e maleitas. O culto de Santo Amaro não parece ter sido muito popular na região algarvia (onde não existiu nenhum mosteiro beneditino, note-se), mas em Tavira há notícia da existência de pelo menos mais uma imagem deste Santo, colocada na matriz de Santa Maria, para além de existir o topónimo Largo de Santo Amaro (que designa o espaço fronteiro à estação de caminhos-de-ferro), de adoção relativamente recente.

     Datável do século XVIII, a imagem de Santo Amaro que se encontra na ermida de São Sebastião é um exemplar em madeira entalhada e policromada (estofada e encarnada), com 74 cm de altura e 40 cm de largura máxima. O Santo foi figurado como um homem barbado e tonsurado, com uma postura rígida, de pé e com o braço direito esticado, envergando o caraterístico hábito negro dos beneditinos, com mangas largas e capuz triangular a pender pelas costas. Na mão direita seguraria um báculo, símbolo do seu estatuto de abade e um dos principais atributos desta invocação, enquanto na outra mão segura um Livro, remetendo para a sua erudição. 

     A colocação desta imagem de Santo Amaro na ermida São Sebastião poderá justificar-se com o facto de o Santo beneditino, que faleceu vítima de peste, ser frequentemente invocado como protetor contra as epidemias, tal como o padroeiro da referida Casa.   

     (Museu Municipal de Tavira, M152)

 

Altura: 
740mm
Largura: 
400mm
Proveniência: 
Ermida de São Sebastião
Século: 
século XVIII
Localização: