Entre o património existente na região sul de Portugal, encontram-se as soluções decorativas onde a cal foi presença dominante: esgrafitos, argamassas ornamentais, barramentos e pinturas murais. A familiaridade material e conceptual entre estas técnicas deu origem a campanhas artísticas complexas, muitas vezes concebidas de acordo com uma lógica de obra de arte total. De entre todas, a pintura mural merece destaque, não só pelo seu virtuosismo plástico, mas também pela sua capacidade em estabelecer o sincretismo entre os vários elementos que se conjugam no espaço arquitetónico. No Algarve a pintura mural permanece ainda um tema pouco explorado. Neste sentido, é apresentado o exemplo das pinturas descobertas na Ermida de São Sebastião, em Tavira, submetendo-as a uma leitura comparativa, que se pretende abrangente, enquadrando-as nas principais morfologias de pintura existentes em outros pontos do país. Sendo certas as dificuldades para a reabilitação destes (e de outros) valores patrimoniais, torna-se urgente conhecer e divulgar a realidade da pintura mural, no sentido de promover o debate quanto à viabilidade da sua preservação e dinamização.
Patrícia Rodrigues Monteiro é licenciada em História, variante de História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1998). Entre 1999 e 2001 concluiu o I Curso de Conservação de Pintura Mural, promovido pelo Instituto Português do Património Arquitectónico. Desde então especializou-se em pintura mural dos séculos XVI a XVIII no Alentejo, obtendo o grau de Mestre em Arte, Património e Restauro (2008), e de Doutora em História da Arte (2013), por aquela instituição. Ao presente desenvolve o seu pós-doutoramento intitulado A engenhosa arte do engano: argamassas decorativas com policromias no Alentejo, séculos XVI-XVIII, (SFRH/BPD/103550/2014), projeto financiado pela FCT.
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Pelas 21h30, realiza-se, na Igreja da Misericórdia, o concerto de canto e órgão «Jóias da Música Sacra Portuguesa – Séc. XVI, XVII e XVIII» com Carla Simões (soprano) e Armando Vidal (órgão).
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Atividade integrada no programa Tavira Património Artes ( 4 de março a 22 de abril), que visa valorizar e divulgar o conjunto de recursos culturais da cidade, abrindo as igrejas à fruição dos visitantes e promovendo o património artístico, arquitetónico, pictórico, dramático e musical português e internacional. Entrada livre.