Todos nós trabalhamos sobre as aprendizagens adquiridas e os seus registos em memória. No meu trabalho enquanto escultor isso é igual, só que, não consigo estabelecer uma relação direta entre a origem e o resultado final. A origem ou as origens permanecem muitas vezes não identificadas, adulteradas, misteriosamente misturadas o que proporciona que cada surgimento de uma nova escultura seja a surpresa da descoberta de um novo ser.
A escultura é sobre a relação ideia-matéria. É uma relação que se estabelece nos dois sentidos. Se as ideias condicionam a matéria, a matéria abre possibilidades na concretização das ideias.
Embora a minha primeira exposição individual tenha sido em 1987 e tenha trabalhado intensamente em pedra e em bronze esta exposição é sobre os vários percursos do meu trabalho nos últimos 13 anos, altura em que o ferro e as suas possibilidades construtivas entraram na minha linguagem.
Cada escultura minha corresponde a um corpo de origem única que cresceu e se desenvolveu a partir de uma tensão interior e que pode aceitar objetos exteriores e integrando-os como utensílios.
Os objetos falam e por vezes seguem-nos os gestos (como que por mimica). Podemos pensa-los a partir do seu interior, como se estivéssemos dentro de um espaço arquitetónico, ou a partir de uma visão exterior em que eles estabelecem relações de parentesco, organizam sequências ou indicam percursos.
Esta exposição explora também a relação entre o corpo da escultura e o desenho na superfície da parede, o corpo da escultura e a sua sombra coreografada.
No pátio exterior podemos encontrar um desenho verdadeiramente tridimensional “Desenhamos o espaço que habitamos”.
Este é um trabalho muito meu enquanto autor, mas cada escultura só ficará verdadeiramente concluída quando o observador a completar com a sua visão pessoal, a sua sensibilidade e a sua cultura.