Peça de Arqueologia – Jarro com boca de cogumelo

Século VII a.C.

Cerâmica

Altura: 20.5 cm | Diâmetro: 12.6 cm

Palácio da Galeria

M00000381

Sabemos hoje que a colina de Santa Maria, em Tavira, foi ocupada por comunidades fenícias a partir de finais do século VIII a.C., durante a chamada 1ª Idade do Ferro. Quando os primeiros marinheiros fenícios chegaram a Tavira encontraram uma paisagem já humanizada, de onde se destacaria um povoado de cabanas circulares pertencentes a comunidades indígenas da Idade do Bronze Final (séc. IX-VIII a.C.). Aparentemente, indígenas e fenícios terão interagido pacificamente, o que terá resultado num processo de aculturação mútua que viria a estar na base do surgimento das comunidades púnico-turdetanas da chamada 2ª Idade do Ferro que habitaram a região de Tavira até à chegada dos primeiros romanos a este território.

Durante as escavações arqueológicas realizadas no âmbito das obras de reabilitação do Palácio da Galeria, em 1999, foi encontrado este jarro, ou “oinochoe”, com boca de cogumelo, sendo considerado um dos recipientes mais caraterísticos entre a cerâmica fenícia.   

A este tipo de recipientes é atribuída uma origem oriental, tendo, cronologicamente, sido produzidos entre o século VIII e os princípios do século VI a. C.. Este tipo de jarros, tendo em conta a forma da boca, seria usado para conter substâncias perfumadas, óleos ou bálsamos que poderiam ser untados na superfície plana da mesma.

No seio das comunidades fenícias estes jarros eram habitualmente utilizados em ambiente funerário, para guardar os óleos e perfumes que eram utilizados nos rituais funerários, ainda que também já tenham sido encontrados em ambientes habitacionais, não só em povoados fenícios como também em povoados indígenas.

Bibliografia:

MAIA, M.; FERNANDES, C.; LOPES, M.; CAVACO, S. (coords.) – Tavira. Território e poder. Catálogo da Exposição. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia/Câmara Municipal de Tavira, 2003, ficha n.º 55.