Ânfora fenício-púnica
Ânfora fenício-púnica
2ª metade século VII – 1ª metade século VI a.C.
Cerâmica
Altura: 25 cm | Diâmetro: 36 cm
Palácio da Galeria
M00000382
Os, já bastante numerosos, trabalhos arqueológicos desenvolvidos na chamada colina genética de Tavira (colina de Santa Maria) permitiram identificar, entre outros, inúmeros vestígios datáveis da 1ª Idade do Ferro (final séc. VIII-VI a.C.), atribuíveis culturalmente à presença de comunidades fenício-púnicas (“Fenícios de Ocidente”).
Essa matriz cultural é atestada pela identificação, em contexto arqueológico, de diversas estruturas e artefactos manufaturados através da transformação de diferentes matérias-primas como o barro (chamado de cerâmica após o processo de cozedura), o bronze, o osso ou o marfim.
A peça que hoje vos apresentamos corresponde a um desses artefactos, tratando-se da metade superior de uma ânfora dita fenício-púnica, de tipo R1 (Ramon Torres T – 10.1.2.1). As ânforas correspondem a contentores cerâmicos usados para o transporte e armazenamento de alimentos e, geralmente, apresentam boca estreita, corpo mais ou menos alongado com duas asas e fundo em bico, mais ou menos pronunciado.
A ânfora apresentada foi descoberta no ano de 2001 pela equipa dirigida por Maria Maia durante os trabalhos arqueológicos levados a cabo no âmbito do processo de reabilitação do Palácio da Galeria. A crer pelo tipo de pasta cerâmica, esta ânfora terá sido produzida nas oficinas fenício-púnicas localizadas na área do chamado “Círculo do Estreito” (de Gibraltar) e poderá, segundo Maria Maia, ter servido para o transporte e armazenamento de vinho.
Este tipo de ânforas, graças à forte atividade comercial empreendida pelos centros produtores fenício-púnicos da área nuclear do “Circulo do Estreito”, obteve grande difusão, a partir dos finais do século VII a. C., estendendo-se por uma vasta área que compreendeu o Levante Ibérico, a Andaluzia meridional, a costa marroquina e parte da costa atlântica portuguesa. Desta forma, a sua presença em Tavira, à qual se juntam muitos outros materiais arqueológicos associáveis à mesma filiação cultural, mostra-nos que a região estava, durante a 1ª Idade do Ferro, plenamente integrada nas rotas comerciais inter-regionais existentes para a área do denominado “Círculo do Estreito”.
Legenda da Fig. 1: Ânfora Fenício-Púnica do Palácio da Galeria, Tavira.
Legenda da Fig. 2: Reconstituição da Ânfora Fenícia com base num dos modelos do “Círculo
do Estreito”.
Bibliografia:
QUEIROZ, Jorge, MANTEIGAS, Rita (coords.) – Tavira Patrimónios do mar. Catálogo de exposição, Tavira, Câmara Municipal de Tavira, 2008, ficha n.º 14.