Os Dias Abertos de Cachopo

Os Dias Abertos de Cachopo

 O Município de Tavira promove, entre março e junho, o programa “Os Dias Abertos de Cachopo”, o qual consiste na realização de atividades de pesquisa e divulgação científica dirigidas ao público geral. Passeios, oficinas, demonstrações culinárias e conversas terão lugar na freguesia de Cachopo.

 “Os Dias Abertos de Cachopo” aborda temas como a biodiversidade, a paisagem, a geodiversidade, o património artístico religioso, a história da produção cerealífera, a alimentação e gastronomia, a arquitetura vernacular e os usos de materiais de construção, possibilitando a investigação à participação dos cidadãos, assim como a partilha de conhecimentos por parte da comunidade.

  

Março

 Dia 18, sábado

 Passeio e oficina “Biodiversidade Agrícola – Património e Paisagens”, orientado pela Associação Colher Para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais

    Fotos da atividade: (aqui)

 

  Dia 19, Domingo

 Demonstração culinária e Conversa “Biodiversidade Agrícola – comidas antigas e inovação”, orientada por Margarida Vargues (chef de cozinha) e pela Associação Colher Para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais

O mote do encontro é o “tomate de inverno” também conhecido como “tomate de pendura” ou “tomate de guarda”. À semelhança de outros alimentos, o tomate, depois de apanhado, é guardado e conservado para durar até à próxima colheita. O frio da serra, no inverno, retira-lhe cor e acentua o sabor.

 Margarida Vargues mostrará as possibilidades culinárias deste tipo de tomate e de outros produtos da época – como cozinhar em família e com as crianças e como estes produtos são preparados noutras áreas da cultura mediterrânica

    Fotos da atividade: (aqui)

 

Abril

 Dia 15, sábado

 Passeio “A produção cerealífera em Cachopo: biodiversidade e sistemas de moagem” pela Associação Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais, Carlos Faísca (historiador) e Custódio Campos (moleiro)

 No início do século XX, com a redescoberta dos fundamentos da transmissão genética (as Leis de Mendel), existiu um esforço acrescido na obtenção de plantas agrícolas com determinadas características. Os cereais, base da alimentação humana até muito recentemente, tornaram-se mais produtivos, mas, em muitos casos, necessitando de um investimento significativo em diversos fatores de produção. Neste contexto, a geografia da disseminação das sementes dos cereais melhorados e/ou híbridos foi muito desigual. Existiram regiões que, pela sua estrutura económica, social e agrária, prolongaram, até à segunda metade do século XX, o uso de variedades adaptadas durante milénios pelos agricultores às condições agroecológicas locais. Cachopo parece ter sido um desses casos, onde vamos encontrar a memória viva do cultivo de centeio e [trigo] barbelo, entre outros cereais.

    Fotos da atividade: (aqui)

 

 Dia 16, Domingo

 Demonstração culinária e conversa “Biodiversidade Agrícola – comidas antigas e inovação” por Margarida Vargues (chef de cozinha) e Associação Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais

 A atividade centrar-se-á no património cerealífero de Cachopo, nos sabores e saberes dos cereais e produtos da época – como cozinhar em família e com as crianças e como estes produtos são preparados noutras áreas de cultura mediterrânica.

 Atividades integradas nas comemorações do Dia Nacional dos Moinhos e do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.

    Fotos da atividade: (aqui)

 

 Maio

 Dia 13, sábado

 Passeio “A paroquial de Santo Estêvão de Cachopo: memória e identidade” por Marco Sousa Santos (historiador de arte) e Albino Martins (diácono)

 Fundada na 1ª metade do século XVI, a igreja de Santo Estêvão de Cachopo guarda as memórias de quase cinco séculos de história desta freguesia e das suas gentes. Espaço de reunião, palco de cerimónias, sede de confrarias e ponto de partida e chegada de procissões, este edifício foi sempre o centro religioso e social do território envolvente. Apesar das obras que alteraram profundamente a estética do edifício, na arquitetura reconhecem-se ainda os traços da sua antiguidade. No interior, alfaias e imagens de culto (algumas ainda do século XVIII) dão conta do número e tipo de devoções que se fixaram na freguesia, contribuindo para um melhor entendimento da sua história e das crenças e tradições acarinhadas pela sua população.

    Fotos da atividade: (aqui)

 

Dia 14, Domingo

 Passeio “Os trajetos da Serra entre montes de Cachopo para a interpretação da arquitetura e da paisagem” por Miguel Reimão Costa (arquiteto)

 A paisagem de Cachopo é caracterizada, como outras subunidades da Serra, pela presença de montes de seareiros, de caseiros e de lavradores, com aspetos particulares a nível da construção e da organização da casa tradicional. Grande parte dos montes de seareiros da freguesia concentra-se na sua parte central, correspondente à antiga herdade de Cachopo, deixada como terras comuns às populações locais. Partindo destas terras, o percurso procurará interpretar os modos de habitar da região, revelando alguns dos temas que marcam a diversidade da sua arquitetura.

 Em maio, as atividades estão integradas nas comemorações do Dia Internacional dos Museus. Em simultâneo, decorre a Feira de Cachopo na aldeia.

      Fotos da atividade: (aqui)

 

Junho

 Dia 03, sábado

 Passeio “Histórias escondidas nas rochas e paisagens de Cachopo” por Francisco Lopes e Hélder Pereira (professores de Biologia e Geologia, especialistas em Património Geológico e Geoconservação)

 Mais do que uma simples caminhada... propõe-se uma autêntica viagem no tempo para explorar as histórias escondidas nas rochas e paisagens de Cachopo e arredores. O enredo dessas histórias inclui uma viagem de 350 milhões de anos, com avalanches submarinas, fósseis de organismos marinhos e ainda cadeias de montanhas e oceanos desaparecidos.

    Fotos da atividade: (aqui)

 

 Dia 04, Domingo

 Passeio “Processos e técnicos de construção tradicional, vernácula, de alvenarias de xisto” por Alexandre Miguel Costa (arquiteto) e Manuel João Rodrigues (mestre pedreiro).

 Passeio pela envolvente próxima da aldeia de Cachopo, visitando algumas das obras da autoria do, já extinto, GTAA Sotavento (Gabinete de Apoio às Aldeias do Algarve - Sotavento). Serão explicadas as abordagens de recuperação e reabilitação em edifícios, azinhagas e caminhos, focadas no (re)uso das técnicas e processos de construção tradicional, vernácula, hoje praticamente desaparecidas

    Fotos da atividade: (aqui)

 

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O trabalho, coordenado pelo Museu Municipal de Tavira, visa a proteção e salvaguarda do património cultural e natural (uma das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável “Cidades e Comunidades Resilientes” da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável). Neste inclui-se a relação entre património imaterial e sustentabilidade, centrada na Dieta Mediterrânica e valorizando, desta forma, os recursos territoriais e o conhecimento.

 Este programa integra o projeto “Dieta Mediterrânica nos Territórios de Baixa Densidade”, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional ao abrigo do Programa Operacional CRESC Algarve 2020. “Os Dias Abertos de Cachopo” contam com o apoio da Junta de Freguesia de Cachopo, do Centro Paroquial de Cachopo, da Associação In Loco, da Cooperativa Agrícola de Rega do Graínho e da Associação de Caçadores da Mealha “Os Migrantes”.

 Os interessados em explorar, Cachopo, durante o fim-de-semana, têm à disposição os Centros de Descoberta do Mundo Rural, localizados nos montes da Feiteira, Casas Baixas e Mealha.  + Info: (aqui)

 

As atividades são gratuitas; tem a duração máxima de sete horas, com horário de início a divulgar atempadamente. As ações têm um número limitado de participantes e o transporte é da responsabilidade da autarquia.

 As inscrições são abertas e divulgadas nas redes sociais do Município e noutros meios cerca de uma semana antes da iniciativa.

 Mais informações sobre “Os Dias Abertos de Cachopo”: edu.museus@cm-tavira.pt | 281 320 545

 

 NOTAS CURRICULARES DOS INTERVENIENTES

 

Albino Martins ordenado Diácono em 2012. Desenvolve missão na Paróquia de Santo Estêvão de Cachopo e no seu Centro Paroquial, desde 1990. Desenvolve atividade pastoral em Alcoutim, Giões e Pereiro, Martim Longo, Vaqueiros e Cachopo. Colaborou na constituição de acervo museológico sobre Cachopo e na organização do Núcleo Museológico de Cachopo (2000).

 

Alexandre Costa formou-se em Arquitetura pela Universidade Lusíada de Lisboa, em 2000, com especialização na área de reabilitação arquitetónica e urbana, com uma pós graduação na Universidade de Sevilha concluída em 2005.

Entre 2000 até 2008 desenvolveu trabalho de projeto no “Gabinete Técnico de apoio às Aldeias do Sotavento”, no âmbito da reabilitação e recuperação, onde se inclui a aldeia de Cachopo.

 

Ana Margarida Vargues tem a seguinte formação académica e profissional: Licenciatura em Biologia e Geologia (ensino) pela Universidade do Algarve; e Curso de Gestão e Produção de Cozinha, pela Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve. Tem desenvolvido trabalho de pesquisa de usos culinários locais e a inovação gastronómica no âmbito da Dieta Mediterrânica com várias entidades, tendo inclusivamente desenvolvido trabalho neste âmbito em Cachopo.

 

Associação Colher Para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais

Foi constituída em 2006. Desenvolve trabalho de Levantamento e pesquisa e valorização do património agrícola, ações de valorização da agricultura familiar, a biodiversidade agrícola e soberania alimentar.

Em 2011, realizou trabalho de “Levantamento do Património Vegetal Tradicional do interior algarvio” (sementes antigas, património agrícola), onde foram inseridos alguns sítios em Cachopo, e do qual resultou o documentário “O Tesouro Algarvio”. lricardo 4/5

A associação fez ainda recolhas detalhadas em: Península de Setúbal (2006), Odemira (2007), Sendim (2008), Melgaço (2009), Montemor-o-Novo (2010), Arouca (2012), Vimioso (2013), Idanha-a-Nova (2014), Fornos de Algodres (2015), Freixo de Espada à Cinta (2016), Melriça-Ansião (2017), Hortas Urbanas Lisboa (2019).

 

Carlos Manuel Faísca é Licenciado em História (UNL/FSCH) e Doutorado em Economia (U. Extremadura) com uma tese sobre o setor corticeiro ibérico oitocentista. É desde 2020 Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Nos últimos três anos tem trabalhado, como bolseiro de pós-doutoramento, no projeto ReSEED que investiga a história da agricultura ibérica nos últimos cinco séculos. Neste âmbito realizou várias entrevistas a agricultores em diferentes locais da Península Ibérica incluindo na freguesia de Cachopo. As informações entretanto recolhidas serviram de base para uma candidatura ao Concurso de Estímulo ao Emprego Científico (CEEC) da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), tendo sido eleito o melhor projeto de entre as seis dezenas apresentadas.

 

Manuel João Rodrigues é Mestre pedreiro de alvenarias de xisto (muros, caminhos, moinhos,…). Integrou a equipa de reabilitação e recuperação da aldeia de Cachopo no âmbito do “Gabinete Técnico de Apoio às Aldeias do Sotavento”.

 

 

Hélder Pereira e Francisco Lopes (GeoWalks & Talks)

 

Hélder Pereira é Licenciado em Biologia e Geologia (1997); Mestre em Gestão e Conservação da Natureza (Universidade do Algarve), com especialização em Geoconservação do património geológico e paleontológico (2004); Doutorando em Geologia (Universidade de Coimbra), desde 2021.

 

Francisco Lopes é Licenciado em Biologia e Geologia (2001); Mestre em Biologia e Geologia - especialização em educação, Património geológico (2006).

 

Ambos os elementos da GeoWalks &Talks são autores e co-autores de várias comunicações, publicações e trabalhos científicos e de divulgação da ciência. A GeoWalks & Talks é especializada em geoturismo no Algarve. As suas atividades enquadram-se em três eixos principais de ação: i) geoturismo; ii) educação e formação; e iii) consultoria e produção de conteúdos.

 

Marco Sousa Santos é licenciado em Património Cultural e Mestre em História da Arte, pela Universidade do Algarve, e atualmente doutorando pela Universidade de Coimbra. Vencedor de alguns prémios na área da historiografia, é também autor de livros e artigos que versam sobretudo temas relacionados com a arquitetura religiosa portuguesa da época Moderna e com a história e património da região algarvia.

 

Miguel Reimão Costa é arquiteto pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e doutorado em arquitetura pela mesma faculdade. É Professor Auxiliar na Universidade do Algarve, onde ensina nos diferentes ciclos dos cursos de Arquitetura Paisagista e Estudos de Património. É membro da Direção do Campo Arqueológico de Mértola e investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património. Integra o Conselho Editorial da coleção “Cidade Participada: Arquitetura e Democracia”. É membro perito da Comissão Científica Internacional para a Arquitetura Vernácula, Icomos-Ciav. Publica frequentemente sobre o património construído em Portugal e no Mediterrâneo, compreendendo diversas linhas de investigação para a interpretação da arquitetura a partir da colaboração com colegas da arqueologia e da história, da antropologia e da paisagem.

 

Destacamos ainda as funções de coordenação do Gabinete Técnico de Apoio às Aldeias do Algarve – Sotavento, entre 2001 e 2004, no qual um dos territórios de intervenção foi Cachopo. Sublinhamos a publicação de sua autoria, “Casas e montes da Serra entre as estremas do Alentejo e do Algarve – Forma, processo e escala no estudo da arquitectura vernacular” em 2015, onde são abordados exemplos em Cachopo.