Salazar 40 Anos?

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     Inaugura, no dia 24 de abril, pelas 17h00, no Núcleo Islâmico do Museu Municipal de Tavira, a exposição "Salazar 40 anos?”, que apresenta um conjunto de réplicas dos desenhos efetuados por Cláudio Figueiredo Torres, em meados da década de 60 do século XX, denunciando o regime salazarista e testemunhando a luta pela liberdade.

     Nascido em 1939, Cláudio Torres é um reconhecido arqueólogo, historiador, museólogo e dinamizador sociocultural, com uma carreira distinta que inclui a fundação e direção do Campo Arqueológico de Mértola e da revista "Arqueologia Medieval". É Doutor “Honoris Causa” pela Universidade de Évora (2001) e “Prémio Pessoa” (1991), entre várias outras distinções.

     Os desenhos são um testemunho direto dos anos 60, quando a biografia do autor assinala a breve experiência estudantil na Escola de Belas Artes do Porto, a perseguição política e os exílios em Marrocos (onde trabalhou no Ministério do Urbanismo de Rabat) e Roménia (onde participou na emissão diária da “Rádio Bucareste” dedicada a Portugal).

     Segundo Torres: “Aproximava-se o ano de 1966, quando passavam quarenta anos do 28 de Maio de 1926 e a ideia surgiu naturalmente. Era necessário participar (…) na denúncia de um regime que parecia eternizar-se no poder que, apesar do desgaste e do isolamento internacional, continuava a enviar milhares de jovens para as matas africanas e encarcerar todos aqueles que tinham ideias divergentes. Os desenhos começaram a sair envolvidos por vezes num sorriso mordaz, ou apressadamente esquematizados num discurso incipiente. Para organizar um texto justificativo coerente recorri ao meu pai, Flausino Torres (…). Foi dele a ideia de selecionar dos discursos de Salazar algumas frases e afirmações que, de certa forma, enquadrassem os desenhos.”

     Várias décadas após a queda do regime, apesar do esquecimento, os desenhos originais de Cláudio Torres foram redescobertos e encontram-se hoje em depósito no Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra. 

 

Núcleo Islâmico do Museu Municipal de Tavira
Qua, 24/04/2024 - 17:00 até Sáb, 18/05/2024 - 17:00
Tema:
  •      Cláudio Torres

         Arqueólogo

         Nascido em Tondela, 1939.

         Licenciado em História de Arte pela Universidade de Bucareste (1973)

         Doutor Honoris Causa pelo Universidade de Évora

         Director do Campo Arqueológico de Mértola (desde 1980)

         Exerceu funções de assistente da Faculdade de Letras de Lisboa entre 1974 e 1986. Director do Parque Natural do Vale do Guadiana e Presidente do Comité Português do ICOMOS (Comité Internacional dos Monumentos e Sítios)

         Foi galardoado, em 1991 com o Prémio Pessoa.

         Foi eleito pelo Comité do Património Mundial da UNESCO como representante de Portugal, funções que desempenhou durante o ano 2000. Foi comissário científico da exposição "Portugal Islâmico - os últimos sinais do Mediterrâneo" (Lisboa,1998) e faz parte da Comissão Científica em Portugal do projecto "Museu sem Fronteiras".

         Publicou:

         Cerâmica islâmica portuguesa (1987), "O Gharb al Andalus" na História de Portugal, dirigida por José Mattoso (1993) e, História de Arte Portuguesa, dirigida por Paulo Pereira (1995). O Legado islâmico em Portugal (1998), em conjunto com Santiago Macias.