No âmbito da exposição “Dieta Mediterrânica- Património Cultural Milenar”, inaugurada em fevereiro de 2013, o Museu Municipal de Tavira tem vindo a organizar um ciclo de passeios e demonstrações culinárias sobre os saberes-fazeres da cozinha mediterrânica.

Em março de 2013, começou-se pelo "Folar da Páscoa". Mel, laranja, aguardente, açúcar, ovos e farinha, mais um ou outro segredo,… eis o folar da Páscoa.

Diz-se que “por abril corta um cardo, nascerão mil“ – cardos, labaças, catacuzes, borragem,…  é tempo dos campos renascerem. “Quem tem fome, cardos come” – abril foi também o mês para conhecermos as plantas silvestres alimentares (ou verduras alimentares) e a sua variada utilização em sopas, esparregados, saladas, molhos e outros.

Em maio fomos ouvir histórias sobre as artes de pescar e cozinhar o polvo e conhecer os equipamentos e utensílios.

Junho é o mês dos Santos Populares. Fomos conhecer as plantas aromáticas e terapêuticas, os rituais e os ditos e fazeres caraterísticos do período do solstício e das festas dos Santos Populares em Tavira.

Em setembro, fomos conhecer o processo de conservação do figo e aprender receita tradicionais confecionadas com figo seco:  figo cheio, queijinhos de figo, estrelas de figo.

Outubro foi o  mês dedicado ao olival e à conserva da azeitona.

“Em novembro, põe tudo a secar, que pode o sol não voltar”… e começam-se os preparativos para o inverno. Aprovisiona-se a despensa e espiam-se os primores na horta para os “jantares de grão” com batata-doce da colheita passada. É tempo de azeite e vinho novo e o medronho já amadurece na serra.

Aproxima-se o Natal. É tempo de celebrar. Arma-se o presépio, escolhe-se o madeiro para queimar e põe-se a mesa de festa para a Consoada. As filhós foram o destaque na demonstração culinária do mês de dezembro.

Em janeiro continuamos com os ares de inverno, a natureza encontra-se adormecida mas os trabalhos não param. Os dias querem-se de chuva para amolecer a terra e as comidas, quentes e fortes, para temperar os ânimos. A este propósito, no passeio vistámos uma destilaria onde, após a fermentação do medronho, se faz aguardente; a demonstração culinária foi dedicada aos “jantares de grão”.

Em fevereiro, fomos partilhar histórias e experiências relacionadas com caça e os ecossistemas cinegéticos e na demonstração culinária confecionou-se um prato de javali.

Da serra ao litoral, as hortas pontuam a paisagem de Tavira. De talho diferente, conforme a sua dimensão, localização ou propósito (seja para consumo familiar e/ou comércio). Em março, as terras parecem estar vazias. Vemo-las preparadas- aguardam as sementeiras. Os griséus e as favas são rainhas e senhoras das hortas. No passeio visitámos uma horta de cariz familiar, no barrocal algarvio, e percebeu-se ritmos de trabalho relacionados com as sementeiras, regas e colheitas. Na demonstração culinária, os griséus tiveram lugar de destaque à mesa.

Os cereais integram a trilogia da cultura alimentar mediterrânica: pão, azeite e vinho. Em abril, no passeio, pusemos as “mãos na massa” e fizemos pão nas Casas Baixas, em Cachopo. Depois do pão cozido, fez-se um piquenique. De seguida, fomos espreitar o moinho branco de Cachopo e partilhar histórias da vida nos moinhos. Na demonstração culinária, aprendemos a fazer papas de milho.

Na primavera celebra-se o despertar da natureza. Em maio houve “maios” à solta em Santa Catarina da Fonte do Bispo. No passeio, tivemos oportunidade de percorrer a rota dos maios e aprender a fazer um destes bonecos. Na demonstração culinária ficámos a saber os segredos da confeção dos “suspiros”, uma das iguarias que adoçam as bocas nas festas do 1º do maio.

O mel foi, desde sempre, um produto muito apreciado. Em junho, depois de termos visitado, no passeio, uma “malhada” de abelhas e uma melaria, na demonstração culinária, ficámos a saber um pouco mais sobre a doçaria tradicional feita com mel.

O ciclo segue em julho com um passeio e uma demonstração culinária dedicados às artes de mariscar.

Fica ainda um agradecimento a todas as pessoas e entidades que têm vindo a colaborar com o museu na orientação dos passeios e das demonstrações culinárias.

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